quarta-feira, 7 de julho de 2010

Paradigmas do Relacionamento Interpessoal

"E por falar nisso, existe um outro fato que merece atenção. É o seguinte: um homem revela o seu caráter na maneira como lida com ninharias – pois é quando ele se descontrai. Esta, em geral, é uma boa oportunidade para observar o infinito egoísmo da natureza de um homem e a sua total falta de consideração pelos outros; e se estes defeitos se mostram nas pequenas coisas, ou simplesmente nas atitudes dele em geral, você verá que elas também fundamentam suas ações em questões importantes, embora ele possa disfarçar isso. Esta é uma oportunidade imperdível. Se nas pequenas coisas do dia-a-dia, as ninharias da vida, um homem não tem consideração e busca apenas o que lhe é vantajoso ou conveniente, em prejuízo dos direitos alheios; se ele se apropria do que pertence a todos igualmente, pode ter certeza de que no seu coração não há justiça, e ele seria um grandessíssimo salafrário se a lei e a coerção não lhe tolhessem as mãos." 
(Arthur Schopenhauer)
 



Parece que ainda há quem duvide da importância de um bom relacionamento interpessoal com os colegas de trabalho, e esta constatação chega a ser surpreendente, porque tanto as consultorias de recursos humanos quanto toda chefia em uma empresa afirmam ser este um ponto imprescindível na formação de um líder, de um executivo, do profissional do futuro. 

Estamos, portanto, diante de um dilema: se é tão importante este tal relacionamento interpessoal, como é que tantas pessoas insistem em ignorá-lo, ou torná-lo supérfluo? Este dilema é apenas aparente e, de fato, se algumas pessoas ignoram aspectos de relacionamento interpessoal é porque desconhecem a sua importância, ainda não aprenderam como praticá-lo ou deixaram de adquirir conhecimentos que o possam levar a construir um bom relacionamento.
 

No mundo profissional, como em qualquer outro círculo de relacionamentos, tudo gira em torno do poder e da habilidade política. O profissional que domina aspectos de relacionamento interpessoal domina a arte do posicionamento estratégico em uma empresa; torna-se imprescindível para a imagem da empresa; associa-se aos vencedores e escala os degraus da ascensão profissional.
 

É característico do comportamento profissional estruturar uma sociedade em torno do poder, assim como no passado a corte se reunia em torno do governante. De certa forma, aplicam-se os mesmos princípios da corte no relacionamento interpessoal, de forma que ao tratarmos de relacionamento interpessoal estamos na verdade, lidando com uma das mais primitivas manifestações do poder. Neste ponto, o relacionamento interpessoal torna-se uma característica fundamental para a sobrevivência profissional das pessoas, e pode ser o diferencial na busca por uma melhor oportunidade ou por uma promoção repentina.
 

O que fazer em momentos como este? A dúvida parece, então, se voltar para o aspecto da usabilidade – se sabemos fazer uso corretamente dos paradigmas do relacionamento interpessoal, teremos como adicionar ao nosso profissionalismo ganhos no geral. Nossa comunicação com nossos pares e nossa exposição para a chefia tornar-se-ão mais eficazes a partir de então. Entretanto, é preciso saber quais são os tais paradigmas, e porque eles podem, em não sendo utilizados, tornarem-se prejudiciais ao nosso desempenho profissional como um todo.
 

Pois bem. Aos leitores desta newsletter, vamos oferecer um guia prático de como ter um bom relacionamento interpessoal pela discussão dos paradigmas do próprio relacionamento.
 


GUIA PRÁTICO DO RELACIONAMENTO 


Paradigma 1:
 Não se exponha 
Deixe para outras pessoas a função de falar de você ou de chamar a atenção sobre o que você faz. Atrair a atenção de forma desmedida é ao mesmo tempo atrair a desconfiança e a inveja alheias. Seja modesto e atue de forma
 low profile quando o assunto for os seus próprios feitos. 


Paradigma 2:
 Aja de forma desinteressada 
Deixe seu talento fluir naturalmente, de forma que nada do que você faça pareça ter custado o esforço que realmente custou. Aja de forma a mostrar que as coisas que você faz pareçam mais simples do que na verdade o são. Ao contrário, você estará se expondo, o que contraria o
 paradigma 1. 


Paradigma 3:
 Elogie somente o necessário 
Deixe elogios para poucos e controlados momentos e, ainda assim, o faça de forma indireta (por exemplo, nunca se refira à sua própria contribuição).
 


Paradigma 4:
 Apareça moderadamente 
Uma forma de ser notado de forma moderada é adotar um estilo particularmente seu no vestir, no falar e no portar-se. Distancie-se de seus pares, formando uma imagem diferente. Não se esqueça entretanto dos
 paradigmas 1 e 2. 


Paradigma 5:
 Saiba identificar o seu espaço muito bem 
Adote um estilo e um linguajar para cada pessoa com quem você se relaciona e não caia na tentação de acreditar que todos são iguais perante a lei. Não são.
 


Paradigma 6:
 Não seja o arauto da má sorte 
Antigamente, os reis mandavam matar os portadores de más notícias porque ou acreditavam que eram eles, mensageiros, que traziam, efetivamente, a má sorte ou porque ficavam com uma raiva incontida e descontavam na primeira pessoa que viam, sempre o mensageiro. Deixe para outra pessoa esta desagradável incumbência. Somente leve boas notícias aos seus superiores. Mas atenção, não se trata de mentir, mas sim de evitar ser carimbado como uma pessoa desagradável na presença do alto escalão.
 


Paradigma 7:
 Cada macaco no seu galho 
Não se permita adotar uma postura íntima das pessoas só porque você trabalha com elas. Torne-se cordial e aberto, mas jamais íntimo. Lembre-se de que você está trabalhando.
 


Paradigma 8:
 Se for criticar, faça-o indiretamente 
Às vezes, vai ser necessário tecer alguma crítica sobre um determinado assunto ou sobre um determinado colega de trabalho. Se for criticar, o faça da forma mais indireta e polida possível. Não reclame o tempo todo do seu chefe ou dos colegas de trabalho. Honestidade em excesso é uma grande bobagem. Você não deve acreditar que as pessoas estejam tão interessados nas suas críticas, mesmo que elas tenham razão de ser.
 


Paradigma 9:
 Favorecimentos aos mais capazes 
Seu colega ganhou um bônus e você não? Seu chefe permite que seu colegas tire uma semana de descanso a mais que você? Jamais peça equiparação. Melhor do que se fazer de suplicante é mostrar que merece os favores que recebe. Entenda os seus próprios limites. A idéia, muito comum, de que fazendo mais você estará merecendo mais ou fazendo melhor é uma bobagem profissional. Economizando tempo e energia, você poderá identificar oportunidades melhores para você.
 


Paradigma 10:
 Cada um é cada um 
Jamais cite comentários sobre gosto pessoal ou aparência das pessoas, principalmente se forem coisas contadas a você. Preserve a identidade das pessoas com quem você convive no ambiente de trabalho.
 


Paradigma 11:
 Não seja sarcástico 
Sarcasmo em excesso gera uma marca indelével no profissional, e demora tempo até que as pessoas se livrem da marca. Se for necessário criticar, lembre-se do
 paradigma 8. Do contrário, adote como default o paradigma 3. 


Paradigma 12:
 Olhe-se como os outros vêem você 
Critique-se o tempo inteiro. Durante o expediente de trabalho, muitas pessoas estão observando o que você faz, o seu comportamento, os seus gestos e suas palavras. Seja seu próprio espelho e critique-se sempre.
 


Paradigma 13:
 Seja racional 
Controle suas emoções ao máximo e aprenda a chorar ou rir conforme a encomenda. Deixe a raiva disfarçada assim como a alegria. Esconda as emoções por baixo de uma aparência glacial, escondendo as emoções de seu rosto. Ninguém precisa saber o que te aborrece mais ou o que te causa mais alegria.
 


Paradigma 14:
 Use as vantagens da vanguarda 
Deixe um pouco de espaço para ser vanguarda, mas preserve o seu próprio comportamento. Fica muito à frente do seu próprio tempo pode causar incompreensão de seus atos. Fique atento ao
 paradigma 13. 


Paradigma 15:
 Leve prazer para as pessoas 
As pessoas deixam de lado ou ignoram as coisas e pessoas desagradáveis. Torne-se agradável para as pessoas e elas o procurarão e lembrarão de você. Como não se pode agradar a todos por todo o tempo, procure agir desta forma a maior parte do tempo.
 


Fonte de consulta:
 
GREENE, Robert.
 As 48 Leis do Poder. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 2000. 

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